Para sorte dos sentados

Foi no passado dia 13, sexta-feira, que Howe Gelb e a sua banda, Giant Sand, passaram por S.ª Maria da Feira, em mais uma edição do Festival Para Gente Sentada. Se a aura que paira sobre este nome já elevava a expectativa, a verdade é que não houve lugar a hesitações ou mais-ou-menos na hora de cair o pano: o concerto foi memorável.

Gelb não está preocupado. Está em palco mas não está preocupado. O espectáculo está nele como se tivessem crescido juntos, fazem parte do mesmo lote. Parece fácil tudo aquilo, é uma reunião de amigos que ao fim-de-semana se encontram para umas guitarradas. Não faz mal se uma música não chega ao fim por esquecimento da letra. Não importa. A questão não está aí. A questão está em tocar, cantar e ser feliz com isso. Está em usar a música de uma forma quase culinária. É necessária à vida, mas não vamos comer arroz e batata todos os dias! Vamos variar, vamos inventar, falhar, procurar, acreditar, pensar e sorrir. Ainda que no nosso rancho não haja muita variedade de alimentos, não façamos disso uma limitação, façamos o contrário. É isso que sinto ao ouvir Giant Sand e o seu mestre cozinheiro H. Gelb. Os alimentos todos os conhecem, são o blues, o rock, a guitarra, o billy, country, folk, indie… mas a forma como se cruzam é deliciosa e a degustação dispensa 3 copos, dois talheres e guardanapo de pano. É sem cerimónias, como em família.

João C.